Período vai de julho a dezembro

Começa em julho a temporada de observação dos mais diversos tipos de animais em várias regiões do Brasil. Vai até o fim do ano. E não faltam pousadas e hotéis associados da Roteiros de Charme com as melhores opções para quem quer ficar de olho em baleias, golfinhos, pinguins, tartarugas marinhas, pássaros e até onças pintadas de camarote.

As baleias estão mais em foco neste período. Seja em Santa Catarina ou na Bahia. No primeiro caso, uma boa pedida é a Pousada Quinta do Bucanero. Situada a 70 Km ao sul de Florianópolis, na Praia do Rosa, em Imbituba, ela fica em uma baía rodeada de morros, lagoas e ilhas, onde a mata nativa e o mar cristalino compõem um cenário privilegiado no litoral brasileiro.

Pela beleza cênica, por fazer parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca e por estar na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, a Rosa é a única representante brasileira no seleto Clube das Baías Mais Belas do Mundo (www.world-bays.com), ONG com chancela da Unesco. Não por acaso, a região é uma das preferidas das baleias franca, que transformaram o destino em um verdadeiro berçário da espécie.

Atraídas pelas águas aquecidas, elas protagonizam, de julho a novembro, um balé de rara beleza. Este espetáculo impulsionou o crescimento do chamado Whale Watching, ou Turismo de Observação de Baleias. Praticado desde os anos 1980 em mais de 80 países, o Whale Watching reúne lazer e consciência ambiental e vem se firmando como um aliado do desenvolvimento sustentável.

Os hóspedes da pousada, que fica em um ponto alto, podem apreciar de camarote o espetáculo já que recebem binóculos para observar os animais – embora a olho nu dê para ver tudo. Eles também podem caminhar até a praia, ou optar por agendar um passeio de barco oferecido de 15 de agosto a 5 de novembro por uma empresa terceirizada,   para acompanhar tudo de perto. O passeio custa entre R$ 160 e R$ 200, tem duração aproximada de 1h30 e conta com o acompanhamento de um biólogo do Instituto Baleia Franc (IBF) e de tripulação especialmente treinada (ICMBio) para uma aproximação adequada dos cetáceos, de acordo a legislação vigente. Quando os filhotes já estão um pouquinho maiores, lá para setembro,  dão show de saltos e movimentos ao lado de suas mães. 

Na Bahia há duas ótimas opções. Localizada em meio à natureza exuberante do litoral baiano, na Praia do Forte, a pousada Refúgio da Vila oferece sossego e tranquilidade, a apenas 100 metros da praia e 50 Km de Salvador. A Refúgios da Vila está a  cinco minutos de caminhada do Projeto Tamar, criado em 1982, que ocupa uma área de dez mil metros quadrados, cedida pela Marinha, e recebe cerca de 600 mil pessoas por ano. Lá, entre tanques e aquários, são 600 mil litros de água salgada com exemplares da fauna marinha da região e de quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, em diferentes estágios do ciclo de vida.

Também a pé os hóspedes da pousada podem chegar rapidamente ao Instituto Baleia Jubarte, criado em 1988 para proteger a região do Banco dos Abrolhos, principal berçário da espécie em todo o Atlântico Sul Ocidental.  Tanto que em 2014 ela foi retirada da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Também é possível contratar passeios terceirizados para observar as baleias – que encantam com acrobacias aquáticas e longos cantos, sendo por isso conhecidas como baleias cantoras - em alto mar.

Já no final da bela praia Boca da Barra - onde o rio do Inferno entrega suas águas ao Oceano Atlântico - na parte mais alta de uma propriedade de 48.000m² à beira-mar, com muito verde e muito sossego, encontra-se a Pousada Mangabeiras. De julho a outubro, seus hóspedes podem contratar passeios coordenados pela oceanógrafa Marta Smith e/ou seu guia capacitado Elton, mais conhecido como Pim, para avistar baleias Jubarte. A avistagem acontece em alto-mar, e portanto há a necessidade de ir de barco.

Formada em Oceanografia e com mestrado em Desenvolvimento Sustentável, com ênfase em Ecoturismo (UFRRJ), Marta é  mergulhadora científica e mora em Boipeba desde 2010. Custando R$ 150 por pessoa, os passeios têm duração de duração de quatro a cinco horas, sendo duas horas de navegação até o ponto onde as baleias são encontradas e mais duas para o retorno. Antes da partida, é realizada uma palestra (em português) de 30 minutos sobre a espécie e o tour.

No arquipélago de Fernando de Noronha, onde o mar é cristalino, a temperatura das águas é agradável durante todo o ano, o que as torna perfeitas para mergulho de snorkel ou cilindro. Neste cenário paradisíaco, onde estão a Pousada Zé Maria e a Eco Pousada Teju-Aju, golfinhos, cardumes de peixes nas praias, tartarugas e aves marinhas não são difíceis de se ver.

A diversidade de vida marinha é tão surpreendente que possibilita observar várias espécies de animais em seu habitat natural. Os hóspedes podem, por exemplo, contratar passeios de barco que saem num horário em que as chances de encontrar golfinhos pelo caminho é grande, mas é proibido em toda a ilha vender tours que ofereçam a possibilidade de nadar com eles.

Outra boa dica para observá-los é acompanhar a contagem que os ambientalistas do Projeto Golfinho Rotador fazem diariamente no Mirante do Golfinho e no Forte Nossa Senhora dos Remédios, geralmente às 6h30. Criado em 1990, o projeto estuda a história natural dos golfinhos-rotadores por meio de sete subprogramas, entre eles um que investiga a ocupação e distribuição de cetáceos (golfinhos e baleias) no arquipélago e outro que mapeia a rede de encalhes de mamíferos aquáticos na região. Na Baía dos Golfinhos, os pesquisadores somam 5.764 dias e mais de 51.050 horas de observação, e no Forte dos Remédios, 1.646 dias e mais de 17.772 horas.

O Sudeste também tem seus encantos  para observação. Domingos Martins é um município do estado do Espírito Santo e está situado nas montanhas capixabas. A sede do município está a 542 metros de altitude e há picos que alcançam 1800 metros, o que confere a Domingos Martins o seu clima frio e agradável, tornando-o conhecido nacionalmente e promovendo o turismo na região.

A Pousada Rabo do Lagarto está instalada em um ambiente de contemplação de grande beleza paisagística e, por isso mesmo, foi projetada de frente para a Pedra Azul, principal ponto turístico da região e refúgio de pássaros, que encantam os visitantes não só pelos olhos quanto pelos ouvidos. A preservação do local garante a reprodução das aves em grande quantidade, perfeito para quem gosta de observar e fotografar. São mais de 1.700 espécies identificadas e, nos últimos 20 anos, foram descobertas mais espécies do que em qualquer país do mundo.

 

No  Centro-oeste está o Pantanal, a maior planície alagada do planeta, declarado Herança Mundial e Reserva da Biosfera pela Unesco. Com aproximadamente 150 mil km², ali estão elementos do Cerrado, das florestas Amazônica e Atlântica, da Caatinga e do Chaco Paraguaio. Esta biodiversidade faz com que a região reúna 698 espécies de pássaros, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis. Em meio a esta única e rara diversidade biológica está a Pousada Araras Pantanal Eco Lodge.

Construída em perfeita harmonia com seu entorno, de lá se tem a chance de fazer excelente observação de aves. Mas nesta época do ano um outro tipo de observação atrai ainda mais turistas para esta região do Mato Grosso (90% deles estrangeiros): entre julho e final de setembro, período da seca, as onças pintadas ficam mais próximas das margens dos rios em busca de água e caça.

Então, é mais fácil de se deparar com o animal. E os hóspedes podem contar com um pacote de cinco dias/quatro noites, entre junho e novembro, para ir ao encontro das onças (Ecossistema Pantaneiro Itinerário c/ Jaguar Express).  O tour inclui pesca de piranhas e focagem noturna em caminhão safari, para observação de animais de hábitos noturnos. A onça pintada, ou jaguar (o terceiro maior felino do planeta e o único que abate suas presas com potente mordida em seus crânio, paralisando-as, instantaneamente) fica para o quarto dia, num safari fluvial.