Veículo de imprensa faz vigília dos outros jornais do trade quando deveria defender a pluralidade

 Os veículos especializados em turismo nacional são poucos. Conta-se nos dedos da mão. Cada um segue o seu próprio caminho. Mas temos assistido um policiamento insano de um deles que tem causado visível constrangimento. Recentemente, um veículo de São Paulo fez um importante movimento com lideranças empresariais tendo como palco a sede da Abav. Foi um justo reflexo dos movimentos de rua que explodiram em julho. A mobilização da sociedade civil organizada deve ser aplaudida. É dever de um veículo estar antenado com isso. Ao invés de aplausos, como foi feito inclusive no Conselho de Turismo e de também se juntar ao movimento, o que se fez foi disparar raivosos telefonemas tentando intimidar alguns participantes.

O mesmo ocorreu quando um dirigente estadual convidou um sócio de um veículo para ser seu colaborador. Uma funcionária novata do setor descobriu que existe uma "geladeira" para onde são enviados os que contrariam os interesses reais. Pune-se com "ostracismo" aqueles que não se rendem às bravatas.

O curioso é que esta vigília é praticada por um veículo de imprensa, que deveria defender a pluralidade e a convivência com as diferenças. Isso ocorre quando os interesses comerciais são colocados à frente e que o sucesso, seja de uma atuação institucional ou empresarial, são colocadas.

O irônico é que este esbravejamento, além de antiético, só revela o lobo em pele de cordeiro. O sucesso alheio incomoda, caso que Freud explica, principalmente quando existe a frustração de uma vida executiva, sem a capacidade de construir algo que realmente seja seu.

Agora, o Fórum de Secretários de Turismo (Fornatur) usou a sala cedida por um veículo de comunicação histórico, fundado em 1965. O único espaço disponível para uma reunião com mesas em U dentro do Anhembi. Reunião feita no horário em que a feira estava fechada e sem nenhuma conotação comercial. Uma cessão de espaço legitimada por ser um dos acionistas ocupante de um cargo de primeiro escalão do turismo oficial. O único jornalista presente foi o assessor do Fórum, que mandou a mesma notícia para todos. Bastou isso para que as bravatas ocupassem toda a tarde e que transformasse a posição de dois temerosos aliados em um "movimento de seis". Uma pena que a submissão ao medo gere adesão a este espírito policialesco.

Se ao invés de se dedicar a cuidar dos espaços que os outros conquistam, construísse uma trajetória própria, talhada no espírito associativo ou se impusesse pela defesa de ideais, o caminho seria mais fácil e desprovido de feudos familiares.

Essas bravatas até assustam aos covardes e aos fracos que se dobram às ameaças. Errado é achar que não haverá enfrentamento e de que esta soberba freudiana não seja vista como uma grande piada.