Com isso, a previsão de rombo no resultado primário do governo em 2020 também foi elevada, para um déficit de R$ 866,4 bilhões (ou 12,1% do PIB)

Subiu para R$ 605 bilhões o custo das medidas federais para o enfrentamento da crise do coronavírus. Com isso, a previsão de rombo no resultado primário do governo em 2020 também foi elevada, para um déficit de R$ 866,4 bilhões (ou 12,1% do PIB).

Os números foram divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Ministério da Economia e elevam as previsões oficiais calculadas há cerca de um mês. Até então, o governo estimava um impacto de R$ 526 bilhões com as medidas e um déficit de R$ 787 bilhões (11% do PIB).

Com isso, fica ainda mais forte a perspectiva do pior resultado primário da história em 2020. Até hoje, o maior rombo foi registrado em 2016, quando o déficit foi de R$ 159,4 bilhões (em valores correntes), o que correspondeu a 2,5% do PIB.

A maior parte das medidas estão no lado das despesas, que demandam R$ 584,3 bilhões em recursos. A mais cara é o auxílio emergencial, que demanda agora R$ 321,8 bilhões após ser prorrogado por mais quatro meses.

O valor mensal com o auxílio emergencial foi reduzido em relação aos R$ 50 bilhões observados nos meses anteriores por três principais motivos. O primeiro é que o valor caiu de R$ 600 para R$ 300. Além disso, houve corte no público beneficiado (presos, por exemplo, não podem receber).

Além disso, o público do Bolsa Família passará a receber o valor do programa de transferência de renda mais um valor residual de auxílio emergencial para chegar aos R$ 300 programados. Antes, o governo pagava a esse público todo o valor a título de auxílio emergencial, o que elevava o custo registrado com o programa.

A lista das medidas mais caras segue com as destinações do Tesouro ao Pronampe (programa de crédito para empresas, que exige R$ 27,9 bilhões) e pelo programa de suspensão de contratos de trabalho ou redução de salário (R$ 17 bilhões).

Já entre as receitas, o governo está abrindo mão de R$ 20,6 bilhões. A medida com maior impacto nessa rubrica é o corte de IOF sobre crédito (que retira R$ 14,1 bilhões da arrecadação), seguida por redução de impostos aplicados a equipamentos hospitalares (R$ 3,2 bilhões).

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que os números demandam responsabilidade fiscal e a busca pela aprovação de reformas como a tributária e a administrativa.