Por: Marcela Lemos

Apesar da queda do euro, que chegou a valer menos que o dólar pela primeira vez desde 2002, viajar para a Europa continua bem caro para os brasileiros. Isso ocorre porque o real permanece desvalorizado perante as duas moedas.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a paridade entre dólar e euro beneficia principalmente o viajante que recebe na moeda americana. Mas é possível tirar proveito da queda do euro? Economistas opinam.

A VIAGEM PARA EUROPA ESTÁ MAIS CARA OU BARATA?
O economista Ricardo Macedo explica que a principal vantagem para o viajante neste momento ocorre na troca da moeda na casa de câmbio. Com o euro um pouco mais barato, é possível obter valores levemente maiores em espécie -o que significa comprar mais euros por um montante menor de reais.

O VALOR DO AÉREO REDUZIU?
Não. O valor da passagem aérea continua pesando muito no bolso do viajante. De acordo com o economista Gilberto Braga, os bilhetes de passagens de avião acompanham o valor do dólar. Logo, os preços continuam elevados para o bolso do brasileiro.

E NO CASO DE HOSPEDAGENS?
Braga avalia que poderia ocorrer uma diminuição do preço em dólar no valor das hospedagens, mas acredita que isso não vai ocorrer devido à demanda reprimida do turismo durante a pandemia. "As pessoas estão começando a voltar a viajar", afirma.

VALE A PENA COMPRAR EURO AGORA?
Sim, se você tem viagem marcada para as próximas semanas. Mas a recomendação dos especialistas é comprar moeda de forma fracionada, ou seja, aos poucos, para reduzir possíveis perdas lá na frente com a possibilidade de nova desvalorização.

A EUROPA FICOU MAIS BARATA PARA TURISMO?
Com a queda do euro, é possível gastar menos com a compra da moeda, mas é importante lembrar que a inflação alta na Europa acaba por impactar o poder de compra também dos turistas, que terão que gastar mais para em alimentação e transporte pelo continente. Em junho, a inflação na zona do euro chegou a 8,6% em 12 meses.

O EURO DEVE CAIR MAIS?
Para o economista e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rubens Mario, o euro vem enfraquecendo perante o dólar desde o início da pandemia e a tendência é que a moeda americana continue se fortalecendo. "Os títulos americanos acabam pagando mais remuneração monetária, então o dinheiro vai para lá, o que fortalece ainda mais o dólar".

QUAL DESTINO É MAIS BARATO: EUA OU EUROPA?
Depende da data (alta ou baixa temporada), tipo de hospedagem e companhia aérea. Em busca feita em agências de viagem, é possível encontrar valores para a Disney (EUA), com aéreo para duas pessoas e hospedagem para cinco dias, por R$ 4.847. O pacote é para 2024. Para a Disney de Paris, um pacote semelhante sai por R$ 5.278 com o diferencial de contar um ingresso para o parque.

Por: Ana Paula Branco

O Ministério da Justiça e Segurança Pública abriu, nesta segunda-feira (27), processo administrativo contra CVC, Decolar.com, 123 Milhas, Max Milhas e Viajanet. A medida é resultado de queixas de consumidores à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) sobre a prestação dos serviços pelas agências de turismo ao longo de 2020 e 2021.

As cinco investigadas apresentaram o maior número de reclamações na plataforma Consumidor.gov.br, durante a pandemia, quando o setor de turismo sofreu com restrições.

A Senacon, órgão ligado ao Ministério da Justiça, irá apurar possíveis infrações ao Código de Defesa do Consumidor em relação a cancelamentos, remarcações, reembolsos e reaproveitamento de créditos de viagens e reservas.

Caso condenadas nos processos, as agências estão sujeitas ao pagamento de multa no valor de até R$ 13 milhões e outras punições.

Para o ministro da Justiça, Anderson Torres, as investigações sobre a responsabilidade dos problemas enfrentados são necessárias porque "o consumidor não tem poder de escolha quanto ao real prestador, pois a agência faz todo o meio de campo".

De acordo com o ministério, o primeiro pico de reclamações contra as agências foi a partir de abril de 2020, com o início das restrições.

Já o segundo, um ano depois, ocorreu quando as empresas deveriam começar a reembolsar os consumidores que tiveram viagens canceladas, por exemplo.

A Decolar afirma que "está tentando ter acesso ao processo, mas adianta que mantém constante diálogo com os órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, incluindo a Senacon, visando o aprimoramento contínuo de suas práticas de atendimento aos clientes".

A MaxMilhas diz que ainda não foi notificada sobre o caso. "Tão logo tiver os detalhes, a empresa prestará todos os esclarecimentos", afirmou, em nota.

Procuradas, 123 Milhas, Viajanet e CVC não se manifestaram até o momento.