Comissão promove debate com sindicato de empresas de construção sobre o andamento das obras da Copa
Sérgio Nery, Brasília

A CTD (Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados) realizou, na tarde desta terça-feira, audiência pública para debater um dos temas mais urgentes em relação à Copa do Mundo 2014 – as atuais condições de manutenção e o estágio das obras dos estádios das cidades-sede do evento esportivo.

Durante o debate, ficou clara a preocupação dos palestrantes, o presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), João Alberto Viol, do presidente do Sinaenco-SP, José Roberto Bernasconi e dos deputados presentes com o atraso das obras.

Segundo João Alberto Viol, o País está, no mínimo, um ano atrasado. Entretanto, afirmou que ainda é possível realizar as obras dos estádios. “Há tempo e a engenharia conseguirá. A questão agora, com a falta de planejamento, é o custo, o prazo e a qualidade. Vai ter produto, mas com esses riscos que precisam ser gerenciados” disse.

Viol lembrou que, das 12 arenas para o evento, duas ainda não iniciaram as obras. São três estádios privados – Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Obras com parcerias público-privadas em Belo Horizonte, Salvador, Recife, Natal e Fortaleza e quatro estádios serão construídos com investimentos dos estados em Manaus, Rio de Janeiro, Cuiabá e Brasília.

O presidente do sindicato defende que a presidente Dilma Rousseff interfira na questão das obras da Copa. “A presidente Dilma deveria assumir o controle da situação. Isso seria fundamental. A coordenação deve ser firme e centralizada”, defende.

Já José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco-SP falou sobre os desafios do Brasil e comparou o planejamento de Londres para as Olimpíadas de 2012. Para ele, se Londres conseguiu fazer um grande trabalho de planejamento, o Brasil também é capaz, mas é preciso correr atrás do tempo perdido e rápido.

“Londres está aí para mostrar que é possível fazer. A escolha do local do parque olímpico é uma área degradada e poluída que está sendo revitalizada, melhorando a vida da população. O planejamento foi feito não apenas para 2012, mas pensando em 2040. Além disso, todas as obras estarão prontas com um ano de antecedência”, destacou.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), autor do requerimento da audiência publica, mostrou preocupação em relação aos atrasos e cobrou evolução. “Está claro o atraso e os recentes estudos desmontam os discursos oficiais. Mais da metade do tempo já se passou e muito nem saiu do papel. Queremos que Brasil seja um bom exemplo e que deixe um legado. O turismo, por exemplo, depende muito da apresentação do País na Copa do Mundo”, argumentou.

O deputado Romário (PSB-RJ) destacou o relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) que identificou problemas na liberação dos recursos. Segundo o documento, dos R$ 3,5 bilhões previstos para a construção e a reforma de estádios, apenas R$ 6 milhões foram liberados pelo BNDES até agora, menos de 0,5% do total. Um dos motivos principais foi o atraso nos projetos.