Ilusão de ótica faz com que as fotos ganhem muitas curtidas e causem muita admiração nas redes sociais

 

Por  Pablo Kling

O que move uma pessoa a ficar cerca de três horas em uma fila para tirar uma foto de uma paisagem? O visual ímpar? Não. Há outras pedras em volta da Pedra do Telégrafo que proporcionam a mesma vista.

A resposta é a ilusão. Sim, a ilusão de ótica criada se a foto for tirada por determinado ângulo. Parece que você está se arriscando demais e quase caindo de um precipício. Somando isso ao cenário paradisíaco de algumas praias de Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, o passeio está completo. 

 

Sem nenhum incentivo governamental, a Pedra do Telégrafo vem ganhando cada vez mais popularidade como um novo destino turístico dentro do Rio de Janeiro, através de divulgação nas redes sociais. Uma das mais famosas é a foto do jogador do Vasco, Nenê, que posou beijando a esposa. Por conta do sucesso que as fotos tiradas nesse local fazem, a pedra já foi alvo de pautas de alguns veículos de comunicação até do exterior. Foi através de uma matéria veiculada em um dos maiores jornais da Áustria que o estudante austríaco Florian Tischeler, 26, soube do local e agora, em visita ao Brasil, não deixou de conhecer. Para ele, o “local é um dos mais belos do mundo e o efeito do visual é maravilhoso.”

Para se chegar à Pedra do Telégrafo, que fica no Parque Estadual da Pedra Branca, e leva esse nome porque o local abrigou uma estação militar de comunicação durante a Segunda Guerra Mundial, existe mais de um
caminho para se começar a trilha. Um dos mais usados é o Caminho dos Pescadores, que começa na Praia Grande. Outra opção é começar a subida perto da antiga ponte que leva à Restinga da Marambaia, de uso exclusivo do Exército.

 

Subindo pela Restinga da Marambaia você precisa parar o carro na praça ou então em um dos estacionamentos nas ruas de acesso, que são organizados pelos próprios moradores. Os preços variam entre R$ 20 e R$ 30. Do início da trilha até o topo são cerca de 40 minutos de caminhada em um trajeto com dificuldade nível leve. Durante o percurso você ainda vai se deparar com visuais belíssimos que dificilmente alguém resiste em tirar uma foto no local. Alguns trechos são ingrimes, mas sem riscos. Lá de cima é possível apreciar a paisagem das Praias do Inferno, Praia Funda, Praia do Meio e Praia do Perigoso.

 

Carolina de Oliveira e seu marido Fabiano são do Rio, mas moram em Manaus há mais de um ano. Souberam sobre a pedra pela internet e em visita à cidade natal não deixaram de conhecer. Eles ficaram cerca de três horas na fila para conseguirem a foto desejada: Fabiano caindo da pedra e Carolina o segurando. (foto abaixo) Para eles, “vale a pena esperar na fila”.

Foto 1

 

A fila é organizada pelos próprios frequentadores do local e é uma atração à parte. “Zoar as poses para as fotos da galera que está na frente faz o tempo passar tão rápido que nem percebemos que ficamos, às vezes, quase quatro horas na fila.” Comenta Flávia Fonseca, 24, estudante de biologia. Por isso, não demore na hora de fazer suas fotos!

Apesar de parecer algo muito perigoso, não é. Se não levantar bem os pés, o chão aparece nas fotos. Aí acabou a ilusão. A ponta da pedra, onde todos se penduram, está a pouco mais de um metro do chão. Só mesmo se posicionando no ângulo certo que se consegue a ilusão de ótica desejada para impressionar os amigos e ganhar uma linda recordação do local. O truque é segurar na ponta da pedra, levantar as pernas e quem for fotografar não deixar aparecer o chão. Fazendo isso, o resultado é este que você vê nesta publicação.

Robson Pedrosa, de Niterói, também ousou na pose e ganhou muitos likes.

 

Segundo Erika Contreiras, moradora dos arredores, o local recebe cerca de cinco mil visitantes por dia nos finais de semana. Para ela “o turismo é excelente para a local, mas a falta de organização é muito grande.” Para ela, o governo deveria controlar o acesso à trilha e conscientizar mais os frequentadores para não jogarem lixo no trajeto. Comenta.

De acordo com Andrei Veiga, chefe do Parque Estadual da Pedra Branca, responsável pela gestão do local, o Inea, junto com Prefeitura do Rio, Mosaico Carioca e clubes de trilhas e caminhadas de Barra de Guaratiba, fazem constantes ações de fiscalização nas praias selvagens - Perigoso e Meio; instalação de placas indicativas, educativas e proibitivas na trilha da Pedra do Telégrafo, bem como estruturas físicas de contenção para impedir acesso ilegal de veículos automotores; retirada de pichações de rochas e orientação aos visitantes. Todas essas ações fazem parte da Operação Verão do Parque Estadual da Pedra Branca. Completa Andrei.

 

 

Dicas:

- Não esqueça sua garrafa de água. Mas caso não leve, sempre tem alguém lá em cima vendendo. A garrafa de 500 ml custa R$5.

- Protetor solar: Se esquecer, vai queimar bastante. Há pouquíssimos lugares para se proteger do sol.

- Durante a fila, já vai pensando nas posições que pretende fazer. Se deixar para decidir na sua vez de fotografar, vai ouvir muitas piadas da galera que está na fila. Afinal, o sol tem hora para se pôr, e no escuro não rola o efeito desejado.

Grupo de amigos "brincando" de salvamento

 

Marlon Honório Ribeiro se arrisca um pouco mais para fazer uma das fotos mais diferentes.