Tragédia em Congonhas tornou procedimentos de segurança mais rigorosos

O acidente com o Airbus A320 da TAM em Congonhas completa dez anos nesta segunda-feira (17).  Em 2007, o avião cruzou a pista do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, e chocou-se contra um prédio da companhia sem conseguir frear, causando a morte de 199 pessoas. Hoje, dez anos depois, a aviação mudou para tentar evitar outras tragédias. O treinamento dos pilotos e os procedimentos de segurança foram modificados e reformas foram feitas no segundo aeroporto mais movimentado do país.
A capacitação dos pilotos ficou mais rigorosa. Em geral, os comandantes passam, todo ano, por duas séries de cursos em sala de aula, além de prova prática e no simulador. Foi incluída na rotina a manobra de levantar voo após tocar no solo (arremetida), que, segundo o Cenipa, poderia ter sido feita feita pelos pilotos do A320 para evitar a colisão.
A Airbus tornou obrigatória a instalação de um alarme, opcional na época da tragédia, que avisa aos pilotos quando os manetes estão em posições trocadas. Os manetes funcionam para os aviões como o câmbio para os carros. O Cenipa concluiu que, no momento da aterrizagem, um dos dispositivos estava na posição CL (climb, subir em inglês), quando deveria estar na posição Idle (espécie de ponto morto).
Em Congonhas, a área de escape nas cabeceiras foi aumentada, enquanto foi reduzido o tamanho teórico das pistas (aquele usado pelos pilotos nos cálculos para pouso). A pista auxiliar não pode mais ser utilizada para aterrizagens e, em 2013, uma reforma foi feita para impedir o acúmulo de água. O acidente aconteceu dias após relatos de derrapagens feitos por pilotos que pousaram no aeroporto em dias de chuva, o que gerou um clima de insegurança entre os comandantes. Um avião chegou a sair da pista.
"A primeira coisa que você pensa quando acontece um acidente desses é: “poderia ter acontecido comigo” — diz o piloto Mateus Ghisleni, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Em nota, a LATAM, empresa formada pela fusão da TAM com a LAN, informou que adotou todas as recomendações do Cenipa e que “se solidariza com todos aqueles que foram afetados por este acidente”.