Informações foram dadas pela imprensa espanhola nesta terça-feira (04)

A imprensa espanhola informou nesta terça-feira (4) que Juan Carlos, rei emérito do país, estaria morando de maneira provisória na República Dominicana.

A informação não foi confirmada pela Casa Real.

O monarca de 82 anos, que é investigado por corrupção, anunciou na segunda-feira (3) a decisão de deixar a Espanha para ajudar o filho, o rei Felipe 6º, no "exercício de suas responsabilidades".

A carta dirigida a Felipe, publicada no site da Casa Real, não informa o novo destino de Juan Carlos.

O jornal ABC afirma que o monarca teria abandonado a Espanha para ir à República Dominicana, após uma escala em Portugal.

Os jornais El Mundo e La Vanguardia afirmam o mesmo, e esta última publicação detalha que Juan Carlos planeja ficar por algumas semanas no complexo Casa de Campo, em La Romana, de propriedade de uma família dona de plantações de açúcar no país, antes de se decidir por um destino definitivo.

O La Vanguardia acrescenta que ele foi para o Porto, em Portugal, de carro, e de lá voou para o país no Caribe.

Já o portal El Confidencial diz que Juan Carlos está em Portugal, onde passou uma parte de sua adolescência.

Dois veículos de comunicação portugueses, a TVI24 e o jornal Correio da Manhã, afirmam que na segunda-feira ele estava na cidade de Cascais.

O El Mundo traz depoimentos de empresários amigos de Juan Carlos dizendo que ele está bem de ânimo e que se despediu deles no fim de semana "sem transmitir nenhum drama", dizendo que é possível que volte em setembro.

Um porta-voz da Casa Real, procurado pela agência AFP, se negou a divulgar informações sobre o paradeiro do rei emérito.

"A única informação que temos é a informação que foi publicada no site da Casa Real ontem (segunda-feira)", disse.

Também nesta terça, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, disse que apoia a decisão de Casa Real "de se distanciar de supostas condutas questionáveis e reprováveis por parte de um membro da Casa Real", acrescentando que "devem ser julgadas pessoas, e não instituições" e que o Juan Carlos se colocou à disposição da Justiça.

Para ele, a resposta do Palácio à situação envolvendo o rei emérito é uma prova de que a Espanha é uma "democracia vigorosa".

Em junho, a Procuradoria da Suprema Corte da Espanha abriu uma investigação contra Juan Carlos, 82, para apurar um possível envolvimento em um esquema de propinas na construção de uma ferrovia na Arábia Saudita.

O objetivo, de acordo com o órgão da instância mais alta da Justiça espanhola, é identificar se o monarca cometeu crimes após abdicar do trono, em 2014.

A legislação no país concede imunidade durante o exercício do reinado. Ao renunciar ao trono, portanto, Juan Carlos perdeu o privilégio.

A investigação, segundo a Procuradoria, refere-se à segunda fase da construção da ferrovia para trens de alta velocidade que liga Meca a Medina, na Arábia Saudita, e que ficou conhecida como Ave do Deserto.

O caso veio à tona em 2018, quando Corinna Zu Sayn-Wittgenstein, ex-amante de Juan Carlos, vazou gravações que mostravam que o antigo rei havia cobrado propina pela concessão da licitação dos trens a um consórcio de empresas espanholas.

Juan Carlos era popular por seu papel na transição do país para a democracia no final dos anos 1970, após a derrocada do ditador Francisco Franco. Sua popularidade, no entanto, foi corroída por diversos escândalos que o forçaram a passar o trono para seu filho, o atual rei Felipe 6º.

Um dos escândalos polêmicos foi quando ele quebrou o quadril em uma caçada em Botsuana em 2012 durante um safári de luxo pago por um empresário saudita. Ele estava acompanhado da ex-amante Corinna Larsen, em meio à crise econômica na Espanha. A imprensa divulgou os custos da viagem e criticou a falta de transparência da Casa Real.

Depois disso, houve um escândalo de corrupção que levou seu genro Iñaki Urdangarin à prisão.

Com a reputação prejudicada, Juan Carlos cedeu a coroa ao filho em 2014, antes de se aposentar da vida pública em 2019.

A decisão veio após o jornal suíço La Tribune de Geneve informar que Juan Carlos havia recebido US$ 100 milhões (R$ 487 milhões) do falecido rei da Arábia Saudita.

O dinheiro estaria em contas de um banco suíço no Panamá -um paraíso fiscal.

As suspeitas sobre sua fortuna cresceram nos últimos anos, decorrentes de seus laços com as monarquias do Golfo.

Antes das novas revelações deste ano, Felipe 6º procurou se distanciar de seu antecessor. Em março, ele anunciou que havia renunciado a qualquer herança de seu pai e encerrado a mesada paga pela Casa Real ao pai do rei. Segundo a imprensa espanhola, o valor desse subsídio somava mais de 194 mil euros por ano (cerca de R$ 1 milhão, em valores atuais).