Gerente de Sustentabilidade e Ações Climáticas da Embratur, Saulo Rodrigues, visitou a usina hidrelétrica e conheceu projetos da área ambiental e de sustentabilidade conduzidos pelo Parque Tecnológico de Itaipu 

 

 

A Embratur e a Itaipu Binacional discutiram novas ações e parcerias para promover o turismo sustentável na região de Foz do Iguaçu (PR), um dos destinos turísticos mais procurados por estrangeiros no Brasil. O alinhamento foi feito em reunião entre o gerente de Sustentabilidade e Ações Climáticas da Embratur, Saulo Rodrigues, e o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, na última semana. 

“Acordamos em trabalharmos juntos em projetos para o turismo que estejam alinhados com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Uma das prioridades é estabelecer políticas de descarbonização da cadeia de serviços do turismo em todo o país”, disse Rodrigues. O gerente da Embratur destacou que experiências bem sucedidas no âmbito desta parceria deverão ser adotadas em todo o país.

“Itaipu e Embratur estão alinhadas às diretrizes do Governo Federal em relação à promoção do turismo e às práticas socioambientais, ações que fazem parte de nossa missão institucional”, afirmou Verri. 

Em Itaipu, a equipe da Embratur realizou uma visita técnica à usina hidrelétrica e conheceu projetos na área ambiental conduzidos pela Diretoria de Coordenação, bem como os projetos de sustentabilidade do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). 

“Temos um grande histórico de cuidados com o meio ambiente e muito para contribuir com o turismo sustentável”, disse o diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni. 

A partir do encontro na semana passada, a Embratur trabalha na elaboração de um plano de trabalho a ser submetido à Itaipu nos próximos dias.

Parceria em inovação
Em junho deste ano, a Embratur e o Parque Tecnológico Itaipu lançaram o Conecta IGU, um programa de inovação voltado para o setor do turismo. A iniciativa veio através de um termo de cooperação firmado entre a Agência e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu. O objetivo do programa é acelerar startups que apresentem soluções sustentáveis para desafios do turismo brasileiro, fornecendo condições para o seu desenvolvimento e implantação.

Gerente de Experiências e Competitividade Internacional da Embratur, Monica Eliza Samia, fala sobre a importância da divulgação de festejos como Carnaval, São João e Parintins para valorizar a cultura do Brasil no exterior e atrair viajantes estrangeiros para os destinos turísticos brasileiros

 

Música, dança, gastronomia e muita alegria em diversas épocas do ano. As festas populares brasileiras têm o poder de unir tudo isso e de valorizar a diversidade de um povo que conhece e respeita a sua origem. Seja em fevereiro no Carnaval ou em junho nas Festas de São João, o Brasil respira cultura através dos festejos que, além de movimentar as comunidades social e economicamente, também possuem um grande potencial turístico internacional.

É com esse olhar que a Embratur está trabalhando na promoção das festas populares brasileiras no exterior. É o que explica a gerente de Experiências e Competitividade Internacional da Agência, Monica Eliza Samia. Ela detalha o atual perfil do turista estrangeiro que busca por essas experiências, e as ações que a Embratur já está colocando em prática para promover nosso calendário de festas populares no exterior, convidando o mundo a vivenciar de perto essas expressões tão autênticas de nossa cultura. 

Confira abaixo: 

Mônica, explica para a gente qual é a importância das festas populares na cultura brasileira?
Os festejos têm a importância de conectar as pessoas, de trazer as pessoas para as suas raízes, para a sua cultura. Essas festas, como o São João, espelham isso. É o que a gente tem de mais original, de mais autêntico em cada uma das regiões, e é um jeito de manter a nossa cultura viva. O Brasil é muito grande. A gente tem muitos estados, muitas regiões e muitas diferenças. E, em cada uma das nossas regiões, há uma característica que é própria. Então, o turismo precisa valorizar e se conectar com tudo isso. 

E como fazer essa conexão entre turismo internacional e festejos populares?
Estamos começando a nos conectar com toda a nossa diversidade, com todas as experiências que a gente tem dentro do nosso território. A gente se conecta porque, hoje, o turista estrangeiro não vem mais ao Brasil para fazer uma viagem panorâmica. Ele quer mergulhar naquela cultura, quer entender aquela gente, aquela gastronomia, aquela paisagem. Ele quer entender aquilo de um jeito muito mais profundo. E, mais do que entender, ele quer participar. Então, quando a gente fala de experiência turística, é no sentido de trazer esse visitante para vivenciar a nossa cultura e a nossa natureza não como um espectador, mas como um ator. A gente quer trazer o turista para dentro, para ele interagir, para ele conhecer as pessoas, para ele conhecer o nosso jeito de viver. E as nossas festas tem o poder de fazer tudo isso e muito mais. 

Como a Embratur está trabalhando na promoção do turismo internacional com foco nas festas populares?
Aqui no Brasil, a gente tem uma potência. A gente tem uma oportunidade de ouro de não só entender o que existe, mas de valorizar e de mostrar essa nossa cultura para o mundo com orgulho. Então, quando a gente olha para as festas populares, entendemos que é uma oportunidade não só de valorizar, mas de promover, porque é um grande valor que a gente tem para o nosso turismo. Com base nesse posicionamento, nós começamos o ano de 2023 promovendo internacionalmente o Carnaval e agora, em junho e julho, fizemos duas famtours, que são viagens de familiarização que fazemos em parceria com o Sebrae Nacional, com operadores do turismo sul-americanos. Levamos eles para conhecer os festejos juninos em duas cidades que são ícones disso, que é Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), e para vivenciar o Festival de Parintins (AM), que é de uma exuberância maravilhosa, no meio da Amazônia. Recentemente, também em uma dessas viagens com operadores, conseguimos mostrar a eles o Bumba Meu Boi, que é uma das manifestações culturais mais tradicionais do Maranhão. E, agora, a Embratur está levando cinco jornalistas franceses para o Festival de Ópera Serra da Capivara (PI), que é uma coisa deslumbrante, imagina, uma ópera que acontece em um lugar onde a gente se conecta com a raiz dos seres humanos. É isso que a gente quer: identificar o que é que valoriza nossa cultura, o que é que a gente tem, porque esses festejos não acontecem em nenhum outro lugar do mundo. Acontecem apenas aqui, no Brasil. 

Essas festas já fazem parte da cultura do nosso país, estão internamente consolidadas. Como é o cenário no exterior e como é trabalhar essa promoção do turismo lá fora?
O Carnaval é uma festa que já está mais do que consolidada, mas outras festas, nem tanto. Por isso, começamos justamente a trabalhar com países que são estratégicos para a gente, seja da América Latina, seja da Europa, ou dos Estados Unidos, trazendo essas pessoas para que elas tenham a oportunidade de conhecer esse nosso lado B, digamos assim, que ainda não era tão evidenciado. A gente tem aproveitado as ferramentas que já existem, que são antigas, mas tentando jogar luz para as oportunidades que a gente tem. E aí, aos poucos, a gente começa a promover esse novo olhar para o Brasil. Esse novo olhar tem a ver com esta gestão do presidente Marcelo Freixo, que é focada em trazer a inclusão, a diversidade, a sustentabilidade, a nossa cultura e o nosso povo para o centro. E isso está conectado com uma parte maior, que é como é que a gente quer se posicionar para o mundo e o que a gente quer gerar para o Brasil. Para a gente se posicionar para o mundo, a gente precisa levar os nossos valores. A gente não quer vender commodity lá fora, a gente quer vender valor e o nosso valor está atrelado a todos esses outros valores que estão aqui dentro. 

Então o objetivo da Embratur é levar esses valores de sustentabilidade e valorização da diversidade lá fora para tentar atrair turistas estrangeiros para cá?
A gente quer que o turismo seja solução, como o Freixo sempre diz. Que o turismo seja a solução para levar o nosso respeito pela nossa sociedade, pela nossa diversidade, pela nossa democracia, pelo nosso desenvolvimento. Então, é isso que a gente está buscando. Trazer a cultura para o centro é uma forma da gente trazer evidência, trazer luz para esse aspecto que talvez a gente ainda não tenha trabalhado na potência que a gente pode trabalhar. 

Que tipo de retorno vocês tiveram desses operadores de turismo e jornalistas estrangeiros que vivenciaram essas festas populares com a Embratur?
Nós sempre fazemos uma pesquisa com eles que traz números e resultados concretos dessas ações. A pesquisa nos mostra o quanto eles acham que aquele destino está maduro, o quanto foi surpreendente, o quanto está atrelado com valores que a gente quer, o quanto o destino já tem esse padrão de exportação que a gente gostaria de ter. São elementos para nos embasar e até melhorar ações futuras. Agora, durante toda a viagem, a gente sempre recebe feedbacks: é no almoço, é no café da manhã, é no jantar, é no meio da festa, que a gente percebe e capta outras informações que não aparecem no questionário. Vou citar um exemplo: eu acompanhei o grupo de operadores que foi conhecer o Festival de Parintins. A primeira coisa que é chocante e que mostra que a gente está no caminho certo foi: ninguém do grupo tinha ouvido falar da existência de Parintins até então. A outra coisa que eles trouxeram foi que não existe promoção lá fora, por isso que eles nunca ouviram falar em Parintins. Com base nisso, a gente pode pensar em formas de se posicionar estratégica e adequadamente e pensar nos investimentos que estamos fazendo. Muito disso também passa pela preparação do destino para receber esses turistas e, por isso, estamos pensando e trabalhando também em capacitações no mercado turístico para melhorar cada vez mais as experiências dos viajantes. 

Nesses depoimentos, os operadores de turismo estrangeiros colocaram o Brasil em uma posição de destaque em relação a outros países. Correto?
Sim, nós perguntamos para os profissionais que foram para Parintins quem eles achavam que eram os principais concorrentes do Brasil no setor turístico. E aí eles me responderam: “olha, a Costa Rica faz um trabalho muito legal e tem uma pegada muito forte com o meio ambiente, com ecoturismo, com aventura. O Peru tem a Amazônia e trabalha muito bem isso de um jeito muito especial”. Mas eu ouvi de mais de um deles que não existe concorrência para aquilo que a gente apresentou por lá. Se a gente melhorar alguns aspectos, a gente pode nadar de braçada, porque não existe outro que ofereça diversidade e a riqueza que a gente foi capaz de oferecer. Não existe outro festival de Parintins, não existe uma combinação de selva com festival de cultura e gastronomia riquíssima, como eles puderam ver. O que existe são oportunidades que não estão sendo exploradas, mas não existe concorrência. E eu acredito piamente nisso.

Quais são os próximos passos, as próximas ações que a Embratur está planejando para explorar todas essas oportunidades que surgem pela cultura local, pelos festejos populares?
Estamos trabalhando e criando estratégias para entender o que é que a gente tem de produto turístico, para quem a gente tem que ofertar e quais são os nossos gargalos, tudo isso para que a Embratur possa ajudar no desenvolvimento do turismo daquela localidade, daquele festejo específico. E esse desenvolvimento também passa pelas secretarias de Turismo locais, do Sebrae, do Ministério do Turismo e de outros players que tenham competência para atuar, porque a parte da Embratur é a promoção internacional do turismo. De nossa parte, podemos levar as nossas experiências lá fora através de capacitações para esse mercado, e estamos estudando a melhor forma de fazer isso e criar uma estratégia que será usada nos próximos anos. Para o segundo semestre de 2023, teremos novas ações voltadas para destinos turísticos como Jalapão, Fernando de Noronha, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro – esses dois últimos, inclusive, teremos um olhar mais apurado para o turismo de negócios e vamos tentar encaixar experiências do Carnaval fora do período tradicional, que é fevereiro. É para que os estrangeiros possam sentir um pouquinho do sabor do que é essa festa e ter vontade de voltar depois, na época de fato. Mas a ideia é que, em todas as ações que façamos, possamos incorporar a cultura, a gastronomia, para que o visitante de fora se sinta parte desse Brasil maravilhoso que a gente conhece bem. 

Saiba mais sobre os festejos: 

Festival de Parintins: acontece na Ilha de Parintins, no Amazonas, e bebe em uma rivalidade iniciada há quase cem anos, quando dois grandes grupos  – os “bois” – começaram a representar nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do Bumba meu boi do Maranhão, que no Amazonas ganhou características próprias, incorporando as lendas e rituais das etnias indígenas e da cultura popular da Amazônia.

São João de Campina Grande: conhecido como “O Maior São João do Mundo”, oferece uma programação diversificada com shows, concursos de quadrilhas e comidas tradicionais juninas, como canjica, cuscuz, mungunzá, entre outros.

São João de Caruaru: conhecido como “O Maior e Melhor São João do Mundo”, apresenta shows de música regional, apresentações de quadrilhas, feiras de artesanato e também um vasto cardápio de comidas tradicionais com base no milho.

Bumba Meu Boi: é uma das manifestações culturais mais tradicionais e populares do Maranhão. Sua história tem influências indígenas, africanas e portuguesas, o que resultou em uma rica mistura de culturas. A origem está associada a uma lenda folclórica que varia conforme a região e o grupo cultural que a apresenta. A festa é recheada de apresentações teatrais e musicais e acontece principalmente no mês de junho.

Por: Igor Gielow

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem mais um nome em avaliação para ocupar a vaga de vice na sua chapa para tentar a reeleição em outubro.

Trata-se de Gilson Machado, o ministro do Turismo conhecido como o sanfoneiro de Bolsonaro. Ainda sem sigla, ele tem sido especulado por aliados do presidente e teve o nome citado a mais de um interlocutor do mandatário.

Até aqui, Machado vinha sendo tratado pelo centrão, que quer controlar o processo eleitoral da mesma forma como ocupou o manejo de verbas do governo, como uma excentricidade que participava de lives e eventos oficiais com o chefe tocando sua sanfona.

Mas alguns passos em falso pelo presidente já fizeram as antenas do grupo perceberem a articulação pelo ministro, que tem a simpatia de líderes evangélicos próximos de Bolsonaro, ainda que se defina como católico praticante.

Após a derrota do grupo para os evangélicos na indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, apesar de alguns líderes do centrão verem um balão de ensaio no nome de Machado, o alerta existe.

Na virada do ano, Bolsonaro ignorou a crise das chuvas na populosa Bahia e permaneceu de férias no Sul. Depois, chamou nordestinos de "paus-de-arara". Isso numa região, segundo maior colégio eleitoral do país, em que Bolsonaro tem problemas eleitorais claros.

No mais recente levantamento do Datafolha, o presidente marcava 21% de preferência entre nordestinos, ante 72% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -que, além de pernambucano, tem na lembrança dos programas sociais como o Bolsa Família um ativo entre a população mais carente.

O presidente tentou reagir, com viagens à região e ainda esperando algum efeito da implantação do Auxílio Brasil, mas a avaliação é que algo mais incisivo precisa ser feito. Machado, que também é de Pernambuco, surgiu como uma opção por sua identificação potencial: a figura do sanfoneiro, chapéu de vaqueiro à cabeça, é um clichê bastante espraiado no Nordeste.

Ao mesmo tempo, essa noção do "vice nordestino" tem assombrado candidatos no Brasil há muitos pleitos. Todo candidato do Sudeste sempre lidou com essa carta na montagem de sua campanha, com efeitos bastante díspares.

Outros itens que colocaram Machado no gosto de Bolsonaro são mais evidentes. Ele é visto como bastante combativo e, principalmente, leal aos princípios do chefe.

No entorno mais próximo do presidente, apesar da dependência do centrão de Ciro Nogueira (Casa Civil) e Arthur Lira (Câmara) para sobreviver até outubro, o que não falta são xingamentos ao grupo que remetem aos tempos em que Bolsonaro chamava a turma de "velha política".

Falta ainda a Machado um partido. Ele vinha cogitando o PL que já abriga o presidente para disputar uma vaga ao Senado por Pernambuco, mas o martelo não está batido.

Com isso, Machado se une ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) e ao presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, como nomes palacianos para a vice. Já o centrão ora quer um nome de menor densidade, dado o risco de um desastre eleitoral de Bolsonaro antes do primeiro turno, ora especula figuras como Tereza Cristina (Agricultura).

A pré-campanha do presidente, na mão do filho senador Flávio (PL-RJ), ainda tem vários problemas para resolver. O mesmo grupo que trabalha por Machado identifica uma falta de coordenação em torno da provável candidatura do ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) para o governo de São Paulo.

O motivo é óbvio: trata-se do principal colégio eleitoral do país, e uma performance satisfatória, ainda que não seja para ganhar, é vital para ajudar a dar palanque a Bolsonaro.

Em São Paulo, o cenário ainda está obscuro na esquerda, que tem Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL) na pista, e o governismo estará representado na poderosa postulação de Rodrigo Garcia (PSDB), o vice de João Doria (PSDB) que será governador a partir de abril.

Mas o bolsonarismo puro está órfão. Aliados de Tarcísio dizem que ele não pode apelar apenas ao grupo, minoritário, mas tentar comer espaço na centro-direita que forma boa parte do perfil do eleitorado do estado.

A questão é que por ora os principais operadores da candidatura do ministro são justamente bolsonaristas de extração mais radical, como a deputada Carla Zambelli (que está saindo do PSL após a fusão do partido com o DEM para criar o União Brasil) e o ex-secretário de Doria Filipe Sabará (ex-Novo).

Aliados do presidente são contra esse rumo, e têm se queixado que o grupo estaria alienando o filho presidencial Eduardo, que é deputado federal pelo PL paulista, da campanha de Tarcísio. Outros focos de tensão estão nas candidaturas à Câmara dos Deputados.