Por Leonardo Augusto

Sem conseguir acesso a verbas federais, a Prefeitura de Ouro Preto, em Minas Gerais, vai pedir dinheiro à iniciativa privada para restauração de duas igrejas do século 18 interditadas por apresentarem graves problemas estruturais devido à falta de manutenção.

A intenção é buscar recursos junto a mineradoras que atuam no município. Entre as empresas do setor que operam em Ouro Preto está a Vale.

A prefeitura está atualizando as planilhas de custo das obras. Até o momento, a conta para a restauração dos dois templos é de R$ 15,9 milhões. Uma das igrejas, a de Bom Jesus do Matosinhos das Cabeças, ou São Miguel e Almas, fica na sede do município e tem obras atribuídas a Aleijadinho.

Sua construção foi iniciada em 1771. A outra é a de São Bartolomeu, no distrito que leva o mesmo nome da igreja, erguida também na segunda metade do século 18.

O distrito em que está a igreja foi escolhido pelo próprio governo, através do Ministério do Turismo, como um dos três destinos brasileiros a participarem de um concurso organizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), que vai escolher as melhores vilas turísticas do mundo.

A Igreja de São Bartolomeu está interditada há dois anos. De lá para cá, a situação só se agravou.

A prefeitura, como forma de tentar evitar ainda mais danos, vai improvisar e colocar lona em substituição a parte do telhado do templo, que está deteriorado. A região de Ouro Preto é uma das mais atingidas do estado pelas chuvas deste mês.

O turismo também interfere na estrutura da igreja. O gramado que existe no entorno do templo foi transformado em estacionamento, por exemplo.

Além disso, o solo começou a ser rebaixado, e isso afeta as paredes da igreja, que já apresentam trincas, diz a secretária de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Margareth Monteiro.

A prefeitura estuda reduzir e até mesmo impedir o trânsito de veículos em São Bartolomeu, colocando um estacionamento na entrada do distrito. Como precaução pela possibilidade de mais danos, todos os elementos artísticos da igreja já foram retirados do templo e guardados pela arquidiocese.

Já a Igreja de Bom Jesus do Matosinhos está interditada desde 2014. Assim como em São Bartolomeu, obras de artes que ficavam dentro do local também foram retiradas e guardadas. "Quando há um processo de degradação, e não são feitas reformas, a tendência é piorar mais", afirma a secretária Margareth.

As duas obras são hoje consideradas prioritárias e de urgência pelo município. Segundo a secretária, dos R$ 15,9 milhões, R$ 8,7 milhões são para a igreja de São Bartolomeu e R$ 7,2 milhões para a de Bom Jesus de Matosinhos das Cabeças.

A secretária de Patrimônio afirma que os recursos para as obras, em valores da época, chegaram a ser incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) criado no governo de Dilma Rousseff (PT), mas a verba não foi liberada.

"Nosso prefeito, Ângelo Oswaldo, esteve em Brasília no atual governo e foi informado que o programa existe, mas o dinheiro não está disponível", conta. "Não deixaremos de buscar recursos do governo federal, mas tentaremos também junto à iniciativa privada", diz a secretária.

A interdição das igrejas ocorreu depois de recomendação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A decisão foi tomada em conjunto entre o instituto, a prefeitura e a defesa civil municipal. A reportagem enviou questionamentos sobre a restauração das igrejas ao Iphan, mas não obteve retorno.

Joana Cunha (Folhapress)

Empresas de ônibus rodoviários miram o fim de ano para se aproximar do cenário pré-pandemia e registram avanço no Dia de Finados. Na Buser, startup de venda de passagens e fretamento ​colaborativo, os sinais da retomada já são sentidos desde julho com aumento no número de passageiros.

O movimento foi expressivo em setembro, com 460 mil viajantes, 40% a mais do que em agosto. Na comparação com o mesmo mês de 2020, o salto foi de 580%. O volume de viagens também subiu cinco vezes, segundo a empresa.

Para o Dia de Finados, a Buser prevê levar cerca de 165 mil viajantes, 10% a mais do que no feriado passado. Viagens com saída de Minas Gerais para a praia têm sido as mais procuradas, além de rotas dentro de São Paulo.

O Grupo JCA, que administra operadoras de transporte, também diz que a alta nas vendas ganhou força de forma gradativa neste último trimestre. A empresa associa o movimento ao avanço da vacinação, à procura por viagens domésticas e à alta dos preços das passagens aéreas.

Em dezembro, o grupo espera se aproximar dos resultados que tinha antes da pandemia. A expectativa é atingir 90% da procura na comparação com o mesmo mês de 2019. A JCA espera um movimento 80% maior no feriado deste ano em relação à data em 2020, mas ainda não deve alcançar os números de 2019. A expectativa é registrar entre 75% e 80% da demanda pré-pandemia.

Quatro projetos com soluções para enfrentar a seca no semiárido foram selecionados no Lab Água, programa da Votorantim Energia e do Instituto Votorantim. As iniciativas incluem melhoria do acesso à água e soluções de convivência com a escassez hídrica.

São elas GeoGO (Brasília, DF), SDW (Salvador, BA), Versati (Campinas, SP) e o Instituto Nacional do Semiárido - Insa (Campina Grande, PB). Todas receberão capital semente, no valor total de R$ 230 mil, para validar seus projetos na Serra do Inácio, divisa entre Pernambuco e Piauí, a partir de novembro deste ano.

O GeoGO propõe utilizar torres de eólicas da Votorantim Energia para captar água de chuva para consumo da população e excedente destinado ao aquífero. O projeto-piloto deverá captar 400 mil litros de água, suficiente para abastecer 45 pessoas por três meses.

O purificador de água Aqualuz, da SDW, utiliza método de desinfecção a partir da luz solar e purifica a água para consumo humano. O piloto inclui a instalação de 20 unidades na Serra do Inácio para impactar de 60 a 100 pessoas.

O Insa tem uma solução de esgotamento sanitário rural, com produção de água de reuso para irrigação na agricultura familiar. Integra coleta e tratamento de esgoto ao reuso de nutrientes por meio de um ciclo de desenvolvimento sustentável. A prototipação, junto a cinco famílias, será feita em dois meses.

Já a Versati desenvolveu um purificador microbiológico de água para uso doméstico que proporciona água de qualidade a R$ 0,12 por 20 litros, sem custos com instalação hidráulica, manutenção, trocas de refis, adição de produtos químicos ou eletricidade.

As organizações integram as 20 escolhidas para a primeira edição do LabÁgua. Todas foram aceleradas nos últimos dois meses, em programação focada em seu desenvolvimento e adaptabilidade ao território, sob mentoria de especialistas convidados e da própria companhia.

Diante dos problemas hídricos no país e da escassez de chuva nos últimos meses, a Votorantim entende que o uso de novas tecnologias é um caminho exitoso para enfrentar o problema.
"O ecossistema de água e saneamento não é tão maduro no país quanto outros, como healthtechs ou fintechs", diz Juliana Mitkiewicz, responsável por inovação e P&D no Instituto Votorantim.

"Nosso objetivo é impulsionar soluções realmente inovadoras e de impacto de curto e longo prazos, que possam ser instaladas em vários territórios. Se queremos resultados diferentes, precisamos tentar alternativas diferentes", completa.

"Criamos um programa inovador que integra outro agente nesse contexto: a própria comunidade", diz Rômulo Vieira, diretor corporativo da Votorantim Energia. "Ela participará dessa etapa final, de prototipagem, ajudando a ampliar as condições de replicabilidade em outros territórios."